O pensamento é força criadora,
proveniente do Espírito que o impulsiona. A energia mental que o
pensamento exterioriza, exerce total influência no corpo espiritual,
modificando a sua forma, aparência e consistência. Cada um de nós vive
em sintonia com o ambiente espiritual que as suas atitudes e desejos
constroem para si próprio. No meio médico, os alemães costumam dizer que
"só tem saúde aquele que ainda não foi examinado". Do ponto de vista
espiritual, uma afirmação desse tipo, longe de ser um exagero, é uma
verdade que só aquele que não se deteve a examinar a sua consciência
pode contestar
Considerando a fisiopatogenia das doenças espirituais costumamos adotar o seguinte conjunto de diagnósticos:
- Doenças espirituais auto-induzidas: desequilíbrio vibratório e auto-obsessão;
- Doenças espirituais compartilhadas: vampirismo e obsessão; Mediunismo; Doenças cármicas.
Desequilíbrio vibratório:
A aparência e a relação entre o corpo físico e o corpo espiritual
dependem exclusivamente do fluxo de ideias que construímos. O ser humano
ainda perde muito dos seus dias com a crítica aos semelhantes, o ódio, a
maledicência, as exigências descabidas, a ociosidade, a cólera e o
azedume, entre tantas outras reclamações levianas contra a vida e contra
todos. É essa desarmonia que desencadeia as costumeiras sensações de
mal-estar, a fadiga sistemática, a dispneia em que o ar parece sempre
faltar, os músculos que doem. A enxaqueca que o médico não consegue
eliminar, a digestão que nunca se acomoda e tantas outras manifestações
tidas como doenças psicossomáticas. São tantos a procurar os médicos,
mas muito poucos a dedicar-se a uma reflexão sobre os prejuízos das suas
mesquinhas atitudes.
A auto-obsessão: O
pensamento é energia que constrói imagens que consolidam em torno de nós
um campo de representações das nossas ideias. À custa dos elementos
absorvidos do fluido cósmico universal, as ideias tomam formas,
sustentadas pela intensidade com que pensamos no que essa ideia propõe. A
matéria mental constrói em torno de nós uma atmosfera psíquica
(psicosfera) na qual estão representados os nossos desejos. Nesse
cenário, estão os personagens que nos aprisionam o pensamento pelo amor
ou pelo ódio, pela inveja ou pela cobiça, pela indiferença ou pela
proteção que projetamos para os que queremos bem. Da mesma forma, os
medos, as angústias, as mágoas não resolvidas, as ideias fixas, o desejo
de vingança, as opiniões cristalizadas, os objetos de sedução, o poder
ou os títulos cobiçados, também se estruturam em ideias-formas. A partir
daí, seremos prisioneiros do próprio medo, dos fantasmas da nossa
angústia, das imagens dos nossos adversários, da falsa ilusão dos
prazeres terrenos ou do brilho ilusório das vaidades humanas. A matéria
mental produz a imagem ilusória que nos escraviza. Por capricho nosso,
somos obsidiados pelos próprios desejos.
As doenças espirituais compartilhadas: Incluímos aqui o vampirismo e a obsessão.
Vampirismo: O mundo
espiritual é povoado por uma população numerosíssima de espíritos.
Contamos com eles como guias e protetores mas, na maioria das vezes, nós
atraímo-los pelos vícios e eles aprisionam-nos pelo prazer. Nesses
desvios da conduta humana, a mente do responsável agrega em torno de si
elementos fluídicos que, aos poucos, vão construindo miasmas psíquicos
com extrema capacidade corrosiva do organismo que a hospeda. Nessa
associação, há uma tremenda perda de energia por parte do responsável
pelo vício, daí a expressão vampirismo ser muito adequada para definir
essa parceria.
Obsessão: Em muitas ocasiões do passado,
já tivemos oportunidade de participar de grandes disputas financeiras,
de crimes que a justiça terrena não testemunhou, de aborto clandestino
que as alcovas esconderam e de traições que a sociedade repudiou e
escarneceu. Nos rastos dessas mazelas humanas, nós todos, sem exceção,
estamos endividados e altamente comprometidos com outras criaturas,
também humanas e exigentes como nós mesmos que, agora, nos estão a
exigir a cobrança de dívidas a que nos furtámos noutras épocas e a
persistir no seu domínio procurando dificultar-nos a subida mais rápida
para os mais elevados estágios da espiritualidade. Embora a ciência
médica de hoje ainda não a traga nos seus registos nosológicos, a
obsessão espiritual, na qual uma criatura exerce o seu domínio sobre a
outra, é, de longe, o maior dos males da patologia humana.
Mediunismo: Manifestações sintomáticas apresentadas por aqueles que iniciam as suas manifestações mediúnicas.
Doenças cármicas:
Sempre que, pelas nossas intemperanças, descuramos os cuidados com o
nosso corpo e prejudicamos o equilíbrio físico ou psíquico do nosso
próximo, estamos imprimindo esses desajustes nas células do corpo
espiritual que nos serve. Mais do que a cura das doenças, a medicina
tibetana, há milénios, ensinava que médico e pacientes devem buscar a
oportunidade da iluminação. Os padecimentos pela dor, e as limitações
que as doenças trazem, possibilitam-nos o esclarecimento se nos
predispusermos a buscá-lo. Mais importante do que aceitar o sofrimento
numa resignação passiva e pouco produtiva, torna-se necessário superar
qualquer limitação ou revolta, para promovermos o crescimento
espiritual, através dessa descoberta interior e individual.
Retirado de “O Cérebro e a Mente” de
Núbor Orlando Facure - especialista em neurologia, neurocirurgião,
ex-professor titular de neurocirurgia da UNICAMP - Universidade Estadual
de Campinas. Atualmente, é diretor do Instituto do Cérebro de Campinas