21 março 2013

CRITICA


Carmas são estruturados não somente sobre nossos feitos e atitudes, mas também sobre nossas sentenças e juízos, críticas e opiniões.
No Evangelho de Lucas, capítulo VI, versículo 42, o Mestre propõe: “Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás bem para tirar o argueiro que está no olho do teu irmão.”
Por projeção psicológica entende-se a atitude de perceber nos outros, com certa facilidade, nossos conflitos e dificuldades, com recusa, no entanto, de vê-los em nós mesmos.
Dependendo do grau de distorção que fazemos dos fatos, para atender a nossas teorias e irrealidades, é que se inicia em nossa intimidade o processo da paranóia. Os paranóicos possuem uma característica peculiar: relacionam qualquer acontecimento do mundo consigo mesmos, ou, melhor dizendo, desvirtuam a realidade dos fatos, trazendo para o nível pessoal tudo o que ocorre em sua volta.
Quanto mais conscientizada for a criatura, tanto mais entende a ordem das coisas e mais as questionará em seu simbolismo. Estar perfeitamente harmonizado e centrado em tudo o que existe é o requisito primordial para atingirmos a plenitude da vida.
Tudo o que criticarmos, veementemente, no exterior encontraremos em nossa intimidade. Isso nos leva a entender que o ambiente em que vivemos é, em verdade, um espelho onde nos vemos exata e realmente como somos.
Se, na exterioridade, algo de inoportuno estiver ocorrendo conosco ou chamando muito a nossa atenção, é justamente porque ainda não estamos em total harmonia na interioridade. Significa que devemos analisar melhor e estudar ainda mais a área correspondente ao nosso mundo íntimo.
Vejamos o que dizem os Embaixadores do Bem sobre quem analisa os defeitos alheios: “Incorrerá em grande culpa, se o fizer para os criticar e divulgar porque será faltar com a caridade. Se o fizer para tirar daí proveito, para evitá-los, tal estudo poderá ser-lhe de alguma utilidade...” (13)
Todas as maldades e eventos desagradáveis que visualizamos fora são somente mensageiros ou intermediários que tomam consciente a nossa parte inconsciente. Tudo o que, realmente, estamos vivenciando no presente é tudo aquilo que estamos precisando neste momento.
Lemos a respeito de um assunto e logo atraímos criaturas que também se interessam pelo mesmo tema. Impressionamo-nos com um artigo de revista e, logo em seguida, sem nunca comentar esse fato com ninguém, aparecem pessoas nos presenteando com livros que abrangem essa matéria.
Esse encadeamento de fatos ou “elos do acaso” tem sua razão de ser, pois se baseia na lei das atrações ou das afinidades. Portanto, todo conhecimento, informação, acontecimento ou aproximação de que verdadeiramente precisamos, por certo, vivenciaremos.
“... Antes de censurardes as imperfeições dos outros, vede se de vós não poderão dizer o mesmo...” ()13
Nossas afirmações diante da vida retomarão sempre de maneira inequívoca. Carmas são estruturados não somente sobre nossos feitos e atitudes, mas também sobre nossas sentenças e juízos, críticas e opiniões.
Os efeitos sonoros do eco são reflexões de ondas que incidem sobre um obstáculo e retomam ao ponto de origem. Analogamente, poderemos entender o mecanismo espiritual de funcionamento da lei de ação e reação em nossas existências. Atos ou palavras, repetidas sucessivamente, voltarão ecoando sobre nós mesmos; são “veredictos” resultantes de nossas apreciações e estimativas vivenciais.
Todas as nossas suspeitas sistemáticas têm raízes na falta de confiança em nós mesmos, e não nos outros. Por isso:
— se criticamos o comportamento sexual alheio, podemos estar vivendo enormes conflitos afetivos dentro do próprio lar.
— se tememos a desconsideração, é possível termos desconsiderado alguma coisa muito significativa dentro de nossa intimidade;
— se desconfiamos de que as pessoas querem nos controlar, provavelmente não estamos na posse do comando de nossa r vida interior;
— se condenamos a hipocrisia dos outros, talvez não estejamos sendo leais com nossas próprias vocações e ideais;
Projetar nossas mazelas e infortúnios sobre alguma coisa ou pessoa não resolve a nossa problemática existencial. Somente quando reconhecermos nossas “traves” — dispositivos interiores que limitam nossa marcha evolutiva — é que poderemos ver com lucidez que, realmente, são elas as verdadeiras fontes de infelicidade, que nos distanciam da paz e da harmonia que tanto buscamos.
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13 Questão 903 – Incorre em culpa o homem, por estudar os defeitos alheios?
“Incorrerá em grande culpa, se o fizer para os criticar e divulgar; porque será faltar com a caridade. Se o fizer; para tirar daí proveito, para evitá-los, tal estudo poderá ser-lhe de alguma utilidade. Importa, porém, não esquecer que a indulgência para com os defeitos de outrem é uma das virtudes contidas na caridade. Antes de censurardes as imperfeições dos outros, vede se de vós não poderão dizer o mesmo. Tratai, pois, de possuir as qualidades opostas aos defeitos que criticais no vosso semelhante. Esse o meio de vos tornardes superiores a ele. Se lhe censurais o ser avaro, sede generosos; se o ser orgulhoso, sede humildes e modestos; se o ser áspero, sede brandos; se o proceder com pequenez, sede grandes em todas as vossas ações. Numa palavra, fazei por maneira que se não vos possam aplicar estas palavras de Jesus: “Vê o argueiro no olho do seu vizinho e não vê a trave no seu próprio.”

As Dores da Alma - Francisco do Espírito Santo Neto-Pelo espírito Hammed