30 setembro 2010

Selo do Amor


"Uma menina chinesa conduzia às costas um pequenino de alguns bons meses de idade. Ao vê-la passar, vergada ao peso daquela carga, um sacerdote lhe perguntou: - É pesado, menina? - Não, senhor - respondeu ela, muito viva - é meu irmão!..." *

Selo do Amor
Emmanuel


Pelo caminho da ascensão espiritual, denominado "cada dia", encontrarás variados recursos de aprimoramento, a cada passo.
É o trabalho que te espera a noção de responsabilidade no devotamento ao dever.
É a oportunidade de praticar o bem, incessantemente.
É o companheiro da parentela consanguínea que te não compreende ainda e, junto do qual, podes exercer o ministério do auxílio e do perdão.

É o adversário que te combate os propósito de melhoria com quem a luta te possibilita a hora de paciência e aprendizado.

É a tentação sedutora, que nasce das profundezas de teu próprio ser, em cujo clima é possível desenvolver a tua resistência para a aquisição de novo poder moral.
É o espinho que te fere ou a pedra que te maltrata, que se fazem benfeitores de tua jornada, por te descerrarem o santuário da prece e da humildade, se a tua mente vive acordada à luz do Senhor.
É a dificuldade que, muitas vezes, te surpreende nos lábios dos mais queridos, constrangendo-te à consolidação de virtudes imprecisas.

Segue adiante, amando, crendo, esperando e servindo sempre.
Cada obstáculo e cada amargura guardam raízes no processo educativo de nossa própria regeneração.
Cada ensinamento tem o seu lugar, a sua hora e a sua finalidade.

Aproveita semelhantes bênçãos, de conformidade com os padrões de Jesus que passou entre nós fazendo o bem, que nos ama desde o princípio e que permanecerá conosco, até o fim dos séculos.
Dirás, talvez, diante de nosso apelo: - "Não compreendo, não me lembro, não posso...
O Senhor, entretanto, não nos impõe fardos que não possamos suportar, não nos endereça problemas que não estejamos aptos a resolver e jamais esqueçamos que a reencarnação traz o selo do amor divino, em benemérito esquecimento, enriquecendo-nos de bênçãos de reaproximação, fraternidade e serviço, a fim de executarmos, sem percalços invencíveis, o trabalho de nossa própria redenção.

(Do livro "Instrumentos do Tempo", pelo Espírito Emmanuel, Francisco C. Xavier)

*(Fábula oriental, especialmente citada aqui para ilustrar a mensagem de hoje. Não faz parte da mensagem de Emmanuel. - Instituto André Luiz)

Aversões Renascentes

"Quando te vejas em ocorrências de rejeição espiritual, pensa nos conflitos que volvem das existências passadas e dispõe-te à rearmonização..."


Aversões Renascentes
Emmanuel


Problema difícil na experiência humana, que unicamente o amor consegue resolver: o antagonismo quando surge entre os que foram chamados a viver sob o mesmo teto ou na mesma equipe familiar.

Vemo-los comumente nos filhos que se voltam contra os pais ou nos que se rebelam; nos irmãos que combatem os próprios irmãos; nos cônjuges que inesperadamente se afirmam uns contra os outros; ou nos parentes que não suportam os companheiros de consangüinidade.

Quando te vejas em semelhantes ocorrências de rejeição espiritual, pensa nos conflitos que volvem das existências passadas à maneira de sombras do ontem que se projetam no hoje, e dispõe-te à rearmonização, a fim de extinguir os focos de vibrações desequilibradas, capazes de gerar perigosos processos enfermiços.

A convivência induzida pelas tarefas em comum ou pelas obrigações do parentesco é a escola de reajustamento em cujo currículo de lições solicitaste a própria internação, antes do berço terrestre.


(Do livro "Amanhecer", pelo Espírito Emmanuel, Francisco C. Xavier)

No Reino Doméstico

"Os hospitais, e principalmente os manicômios, apresentam significativo número de enfermos que não passam de mutilados espirituais dessa guerra terrível e incruenta, na trincheira mascarada sob o nome de lar..."


NO REINO DOMÉSTICO
Irmão X

Você, meu amigo, pergunta que papel desempenhará o Espiritismo, na ciência das relações sociais, e, muito simplesmente, responderei que, aliado ao Cristo, o nosso movimento renovador é a chave da paz, entre as criaturas.

Já terá refletido, porventura, na importância da compreensão generalizada, com respeito à justiça que nos rege a vida, e à fraternidade que nos cabe construir na Terra?

A sociologia não é a realização de gabinete. É obra viva que interessa o cerne do homem, de modo a plasmar-lhe o clima de progresso substancial.
Reporta-se você ao amargo problema dos casamentos infelizes, como se o matrimônio fosse o único enigma na peregrinação humana, mas se esquece de que a alma encarnada é surpreendida, a cada passo, por escuros labirintos na vida de associação.

Habitualmente, renascem juntos, sob os elos da consangüinidade, aqueles que ainda não acertaram as rodas do entendimento, no carro da evolução, a fim de trabalharem com o abençoado buril da dificuldade sobre as arestas que lhes impedem a harmonia. Jungidos à máquina das convenções respeitáveis, no instituto familiar, caminham, lado a lado, sob os aguilhões da responsabilidade e da traição, sorvendo o remédio amargoso da convivência compulsória para sanarem velhas feridas imanifestas.

E nesse vastíssimo roteiro de Espíritos em desajuste, não identificaremos tão somente os cônjuges infortunados. Além deles, há fenômenos sentimentais mais complexos. Existem pais que não toleram os filhos e mães que se voltam, impassíveis, contra os próprios descendentes. Há filhos que se revelam inimigos dos progenitores e irmãos que se exterminam dentro do magnetismo degenerado da antipatia congênita, dilacerando-se uns aos outros, com raios mortíferos e invisíveis do ódio e do ciúme, da inveja e do despeito, apaixonadamente cultivados no solo mental.

Os hospitais e principalmente os manicômios apresentam significativo número de enfermos, que não passam de mutilados espirituais dessa guerra terrível e incruenta na trincheira mascarada sob o nome de lar. Batizam-nos os médicos com rotulagens diversas, na esfera da diagnose complicada; entretanto, na profundeza das causas, reside a influência maligna da parentela consanguínea que, não raro, copia as atitudes da tribo selvagem e enfurecida. Todos os dias, semelhantes farrapos humanos atravessam os pórticos das casas de saúde ou da caridade, à maneira de restos indefiníveis de náufragos, perdidos em mar tormentoso, procurando a terra firme da costa, através da onda móvel. Não tenha dúvida.

O homicídio, nas mais variadas formas, é intensamente praticado sem armas visíveis, em todos os quadrantes do Planeta.
Em quase toda a parte, vemos pais e mães que expressam ternura, ante os filhos desventurados, e que se revoltam contra eles toda vez que se mostrem prósperos e felizes. Há irmãos que não suportam a superioridade daqueles que lhes partilham o nome e a experiência, e companheiros que apenas se alegram com a camaradagem nas horas de necessidade e infortúnio.
Ninguém pode negar a existência do amor no fundo das multiformes uniões a que nos referimos. Mas esse amor ainda se encontra, à maneira do ouro inculto, incrustado no cascalho duro e contundente do egoísmo e da ignorância que às vezes, matam sem a intenção de destruir e ferem sem perceber a inocência ou a grandeza de suas vítimas.
Por isso mesmo, o Espiritismo com Jesus, convidando-nos ao sacrifício e à bondade, ao conhecimento e ao perdão, aclarando a origem de nossos antagonismos e reportando-nos aos dramas por nós todos já vividos no pretérito, acenderá um facho de luz em cada coração, inclinando as almas rebeldes ou enfermiças à justa compreensão do programa sublime de melhoria individual, em favor da tranqüilidade coletiva e da ascensão de todos.

Desvelando os horizontes largos da vida, a Nova Revelação dilatará a esperança, o estímulo à virtude e a educação em todas as inteligências amadurecidas na boa vontade, que passarão a entender nas piores situações familiares pequenos cursos regenerativos, dando-se pressa em aceitá-los com serenidade e paciência, de vez que a dor e a morte são invariavelmente os oficiais da Divina Justiça, funcionando com absoluto equilíbrio, em todas as direções, unindo ou separando almas, com vistas à prosperidade do Infinito Bem. Assim, pois, meu caro, dispense-me da obrigação de maiores comentários, que se fariam tediosos em nossa época de esclarecimento rápido, através da condensação dos assuntos que dizem respeito ao soerguimento da Terra. Observe e medite.


E, quando perceber a imensa força iluminativa do Espiritismo Cristão, você identificará Jesus como sendo o Sociólogo Divino do Mundo, e verá no Evangelho o Código de Ouro e Luz, em cuja aplicação pura e simples reside a verdadeira redenção da Humanidade.



(Do livro "Luz no Lar", pelo Espírito Irmão X, Francisco C. Xavier, Espíritos Diversos)




17 setembro 2010

Espiritualidade na prática clínica: o que o clínico deve saber?

 Espiritualidade na prática clínica: o que o clínico deve saber?*
Spirituality in clinical practice: what should the general practitioner know?
Giancarlo Lucchetti1, Alessandra Lamas Granero2, Rodrigo Modena Bassi3, Rafael Latorraca4, Salete Aparecida da Ponte Nacif5
*Recebido da Associação Médico-Espírita de São Paulo, SP.

INTRODUÇÃO
No dia 17 de outubro de 2009, véspera do dia do médi­co (escolhido por ser o dia de São Lucas, conhecido como ”médico de homens e de almas”), ocorreu no X Congresso Brasileiro de Clínica Médica a mesa redonda: “Espirituali­dade na Prática Clínica”.
A iniciativa inédita da Sociedade Brasileira de Clínica Mé­dica foi agraciada com a lotação do auditório no evento e alertou para a necessidade da abordagem deste tema nos congressos médicos e na prática clínica.
O objetivo deste estudo foi traçar um panorama do uso da espiritualidade na prática clínica e quais os conheci­mentos básicos necessários para o clínico abordá-la na sua prática diária.

Por que o clínico deve abordar a espiritualidade do pa­ciente?
Uma das perguntas mais realizadas pelos médicos em geral é qual a razão para abordar a espiritualidade do paciente. Inicialmente vale lembrar que muitos pacientes são reli­giosos e suas crenças os ajudam a lidar com muitos aspec­tos da vida. Além disso, as crenças pessoais dos médicos influenciam nas suas decisões, tanto por parte do paciente (tendo como exemplo o paciente que é Testemunha de Jeová que não aceita o uso de hemoderivados), como por parte dos próprios médicos (tendo como exemplo, médi­cos que se recusam a prescrever anticoncepcionais devido aos seus princípios religiosos). Mais do que isso, ativida­des e crenças religiosas estão relacionadas à melhor saúde e qualidade de vida, assim como os médicos que falam sobre as necessidades espirituais não são novidades, tendo suas raízes na história e muitos pacientes gostariam que seus médicos comentassem sobre suas necessidades espiri­tuais. Estudos demonstram que a maioria dos pacientes gostaria que seus médicos abordassem sobre sua religião e espiritualidade, e relataram que sentiriam mais empa­tia e confiança no médico que questionasse esses temas, proporcionando o resgate da relação médico-paciente, com uma visão holística e mais humanizada.

PESQUISAS E BASES CIENTÍFICAS
As pesquisas científicas sobre o assunto são numerosas. No banco de dados da PubMed, foram relacionados 4.202 estudos à palavra “spirituality” e para a palavra “religion” 41.314. Esse número de estudos foi equivalente ao nú­mero relacionado à palavra “physical activity” na mesma data.
Os estudos têm demonstrado maior relação entre espiritualidade e religiosidade com a saúde mental, incluindo me­nor prevalência de depressão, menor tempo de remissão da depressão após o tratamento, menor prevalência de ansiedades e menor taxa de suicídio. Da mesma forma, estudos demonstram uma relação da espiritualidade com melhor qualidade de vida e maior bem estar geral.
Alguns desfechos clínicos também têm sido avaliados de forma consistente. Os pacientes mais religiosos tiveram menores níveis de hipertensão diastólica, índices meno­res de mortalidade por causas cardiovasculares e menor mortalidade em geral.

Autores têm relacionado ainda a espiritualidade com mar­cadores de imunidade, como interleucinas e marcadores de inflamação como proteína C-reativa. Recentemente,
Lutgendorf e Col. mostraram que a frequência religiosa levaria à diminuição na IL-6 e esta levaria à diminuição da mortalidade. Este estudo seria a primeira pesquisa a demonstrar uma participação de um fator imunológico mediando um fator comportamental com a mortalidade. Seguiram-se então, estudos voltados às populações especí­ficas como no caso de mulheres com câncer de mama, em que a maior espiritualidade esteve diretamente relaciona­da ao número total de linfócitos, de células Natural Killer Torna-se claro na prática clínica que, na grande maioria das vezes, não é possível (NK) e de linfócitos T-helper e T-citotóxicos
.
Quanto às pesquisas com marcadores inflamatórios, há evidências de menores níveis de proteína C-reativa e menores níveis de cortisol nos pacientes que possuem maior frequência religiosa.
Periódicos de alto impacto na literatura médica têm vin­culado publicações científicas na área como é o caso do The Journal of the American Medical Association (JAMA), New England Journal of Medicine e Annals of Internal Medicine, dentre outros.
O clínico deve ter conhecimento das evidências que su­portam este campo, de forma a entender suas repercussões na saúde do paciente.

Barreiras para o médico
Algumas barreiras são colocadas pelos médicos para não abordarem o tema35. Pode-se citar a falta de conheci­mento sobre o assunto, falta de treinamento, falta de tempo, desconforto com o tema, medo de impor pon­tos de vista religiosos ao paciente, pensamento de que o conhecimento da religião não é relevante ao tratamento médico e a opinião de que isso não faz parte do papel do médico. Essas barreiras são quebradas à medida que o médico se aprofunda no tema e desvencilha-se de seus próprios medos e preconceitos.

Nem todos os efeitos da religião são positivos. É importan­te que os médicos estejam atentos quando a religião pode desencadear problemas (principalmente no caso da reli­gião punitiva em que há uma sensação de que Deus está pu­nindo ou abandonando o paciente) e causar conflitos quan­to às condutas médicas. No caso de dificuldades para lidar com relações conflitantes a figura da capelania do hospital ou do líder religioso do paciente é essencial, conjuntamente com o Serviço de Psicologia Hospitalar.

CONCLUSÃO
O clínico deve estar atento à dimensão espiritual do pa­ciente, seja ela positiva ou negativa. O conhecimento cien­tífico e prático do assunto pode evitar conflitos na relação médico-paciente, beneficiar os desfechos clínicos e facilitar o atendimento médico.
O clínico deve saber o momento certo e a forma correta de se abordar essa dimensão, sem ofender ou julgar as pre­ferências religiosas de cada paciente, de forma a exercer a Medicina de forma mais humana e integral possível.

NOTA: Que bom que a fechada e endeusada medicina esteja enxergando uma luz no fim do túnel da ignorância espiritual.