29 dezembro 2010

A Caridade não é invejosa

Muitos companheiros asseveram a disposição de ajudar, em nome da caridade; entretanto, para isso, exigem os recursos que pertencem aos outros.

Querem amparar os necessitados... 
Mas dizem aguardar vencimento igual ao do colega que lhes tomou a frente na organização de trabalho.

Declaram-se inclinados ao socorro de meninos desprotegidos...
Alegam, todavia, que apenas assumirão a iniciativa quando possuírem casa semelhante à do amigo mais próspero.
 
Afirmam-se desejosos de colaborar na construção da fé, amando e esclarecendo a quem sofre...
Interpõem, no entanto, a condição de desfrutarem a autoridade dos irmãos que se encarregam dessa ou daquela instituição, antes deles.
 
Expõem a intenção de escrever, na difusão da luz espiritual...
Contudo, somente entrarão em atividade quando dispuserem da competência de quantos já despenderam larga parte da vida, na estruturação da palavra escrita.
 
Se aspiras a servir ao bem, não te detenhas na cobiça expectante, a pedir que a possibilidade dos outros te passe às mãos.

A caridade não é invejosa.
Façamos a nossa parte.

21 dezembro 2010

A Gênese da Alma


REVENDO O PASSADO - Todas as almas têm a mesma origem 
- Não é sem um sadio orgulho que admiro as florestas por onde passei, as lutas que enfrentei, as lágrimas que derramei! Não é sem pesar que conto o tempo que perdi na inércia, abrasado pelo fogo das paixões más; não é sem gratidão que me elevo ao Senhor, pedindo-lhe prêmios para aqueles que foram os guias da minha alma, os mestres da minha vida, o lenitivo nas minhas aflições! Cada corpo por que passei, como as contas de um colar presas pelo mesmo fio, entoa o cântico eterno com que louvo o meu Criador, pelo amparo com que me cercou, pela vida que me concedeu!

"Todas as almas têm a mesma origem, e são destinadas ao mesmo fim; a todos o Supremo Senhor proporciona os mesmos meios de progresso, a mesma luz, o mesmo Amor".

O cão é sempre cão, como o asno é sempre asno, mas o Espírito que anima aqueles corpos vêm de longe e destina-se às esferas elevadas onde reina a felicidade; tudo tem um alvo, e acreditar que Deus criou seres inteligentes sem futuro, seria blasfemar contra a sua bondade e justiça! Estudai a inteligência e a reflexão do cão, o seu amor-próprio, a sua linguagem, o amor pelo seu dono, os seus atos de verdadeiro heroísmo, e negai, se fordes capazes, que aquele corpo inferior encerra um Espírito, uma alma que pensa, que sente, que quer e que não quer, que ama! Percorrei toda a escala zoológica, penetrai com espírito investigador todos os animais que formam os seres inferiores da Criação e vereis ao lado do instinto que os movimenta, a inteligência desabrochando como prêmio dos seus sofrimentos! A Revelação Espírita soluciona o problema da alma do animal, ao mesmo tempo que esclarece a Gênese da Alma. Para estes estudos que vamos fazer, muito nos valeu a interessante obra Evolução Anímica, de Gabriel Delanne, obra que recomendamos à atenção dos leitores e que está de pleno acordo com o O Livro dos Espíritos e A Gênese, de Allan Kardec, extraordinários missionários que enriqueceram a Ciência com livros de real valor, não só para resolver a questão de que tratamos, como também para dar a conhecer a causa dos fenômenos em geral, da memória, do inconsciente psíquico, do futuro das almas. Felizes os que aproveitaram o seu tempo, aproximando os lábios sequiosos da taça da Revelação e beberem a água da sabedoria, para se esclarecerem e poderem ver o passado; apoderarem-se do presente e vislumbrarem o futuro que lhes acena com as magnificências da Vida Imortal!

O BERÇO DA ALMA - Donde viria o homem?
 Em que tempos nasceu, em que plagas, chorou pela primeira vez?
 Onde cresceu? Onde estudou? Onde aprendeu o que sabe?
 Vejo homens de fronte erguida para o alto, vejo outros curvados em busca dos tesouros da Terra; vejo bons, vejo maus; uns inteligentes, outros estúpidos; uns santos, outros diabos; vejo sãos, vejo enfermos; bonitos e feios; pergunto-lhes donde vieram, quem são e para onde vão, mas nenhum deles me responde!
Mas eu sei que vieram de muito longe, porque trazem no seu físico os traços indeléveis da animalidade e sua alma reflete os instintos dos seres inferiores da criação!

Por mais que o homem se mascare, por mais polido que se mostre, por mais superior que se diga, nunca enganará a visão penetrante do Espírito, que sonda as profundezas da Terra e esquadrinha os refolhos do coração!
 Se estudarmos com atenção a alma humana, e lhe remontarmos a origem, veremos o homem desaparecer da Humanidade, e só poderemos encontrar novamente as suas pegadas, deixando o reino hominal e entrando no reino animal, infância espiritual de todos os sábios e ignorantes, de todos os ricos e pobres, de todos os bons e maus, de todos os grandes e pequenos que vagueiam neste mundo de Deus!
 Todos nós pagamos o nosso tributo ao reino inferior para chegarmos ao reino humano.
 Ninguém adquire, sem trabalho e sem esforços, certa soma de bem estar, por menor que seja, nem certo grau de superioridade.
 A lei inexorável do destino, que nos leva para estados cada vez melhores, obriga-nos à luta, e a luta não se faz sem dores e sem trabalhos, que nos garantem o mérito das nossas ações.
 "Será humilhação para os grandes gênios, o terem sido fetos informes nas entranhas maternas?" - pergunta um elevado Espírito numa mensagem que transmitiu para colaboração de O Livro dos Espíritos.
 E nós com ele respondemos: "Não, se alguma coisa deve humilhar o homem é a sua inferioridade perante Deus, a sua incapacidade para sondar a profundeza dos seus desígnios e a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo".
 A alma não podia deixar de ter o seu começo, o seu nascimento, no reino animal, nos seres da criação, onde passou por todas as transformações indispensáveis ao seu progresso; onde evoluiu, chorando ali, trabalhando acolá, brincando além, para após essas alternativas de tristezas, de gemidos, de lutas e de alegrias, despontar na Humanidade, onde mediante o seu progresso, mais esclarecida e dotada de outros atributos prepara o glorioso surto de gênio para a posse da Vida na Imortalidade!

(Do livro "Gênese da Alma", caps. VII e VIII, por Cairbar Schutel, 1924)

19 dezembro 2010

Fé e Ação



"Não tema, creia somente" - diz o Senhor. 

Creia na harmonia, na justiça, na verdade, no bem... Somos livres, sob a proteção de leis vigilantes.


Deus não se ausenta.
 Por isso, quanto nos aconteça é sempre o melhor do que nos mostremos capazes de receber.
 Em muitas ocasiões a enfermidade inesperada no corpo é apoio antecipado às necessidade da alma; a afeição que nos deixa é amputação no mundo afetivo para que possamos sobreviver naquilo que estejamos fazendo de mais útil; o desejo contrariado é providência contra perigo invisível; a inibição orgânica é recurso para a condensação de nossas energias em auxílio à realização de tarefa determinada; o prejuízo é comunicado prévio para que não se caia em débitos insolvíveis; a penúria material é desafio a que nos levantemos para o trabalho.


Não desfaleça na prova que a vida lhe trouxe.
 A Terra é um educandário em cujas lições somos todos alunos e examinadores uns dos outros.
 Hoje é possível esteja sofrendo o cerco de numerosos problemas, entretanto, se você atende às instruções do amor, que nos traçam caminho certo entre as margens da humildade e do serviço, encontrará você o rumo exato de todas as soluções.
 Para isso, porém, é necessário que você não permaneça no canto da inércia, colecionando pedras e espinhos que lhe pesem no coração ou lhe firam a alma.


Esqueça tudo o que foi tristeza ou desequilíbrio e entre no sistema de ação edificante que nos reforma o destino.
 Todos os que lutaram e venceram, todos os que tombaram na sombra e se reergueram para a luz, sofrendo, lutando, construindo e renovando, nunca deixaram de trabalhar.
(Do livro "Astronautas do Além", pelo Espírito André Luiz, Francisco Cândido Xavier)


NOTA: O link abaixo contém a relação de livros publicados por Chico Xavier e suas respectivas editoras: 

Realização:
 Instituto André Luiz

http://www.institutoandreluiz.org/  

12 novembro 2010

Liberte-se


A criatura terrestre pode realmente:

Aproveitar-se de leis que não subscreve;

Manobrar vantagens que não conquista;

Cruzar caminhos que não talha;

Habitar a casa que não levanta;


Comer o pão que não produz;

Trajar o fio que não tece;

Ampliar processos de reconforto que não inventa;

Colaborar na execução de programas que não planeja;

Utilizar veículos que não fabrica;

Medicar-se com elementos que desconhece...
Todas essas operações conseguem a pessoa humana efetuar, ignorando, muitas vezes, onde o bem, onde o mal, onde a sombra, onde a luz.

Devemos convencer-nos, no entanto, de que, para libertar-se, efetivamente, diante da vida, a criatura terrestre há de raciocinar com a própria cabeça.
Ninguém pode viver a toda hora, com discernimento emprestado.

É por isso que somos chamados, na Doutrina Espírita, a estudar instruindo-nos, e, pela mesma razão, advertiu-nos Jesus de que apenas o conhecimento da verdade nos fará livres.

Se aspirarmos, assim, à conquista da emancipação espiritual para a imortalização, é forçoso que cada um de nós desenvolva, com esforço próprio, as sementes da verdade que traz consigo.


(Do livro "Caminho Espírita", pelo Espírito Albino Teixeira, Francisco C. Xavier, Espíritos Diversos)

07 novembro 2010

Semeadores da Esperança


Possivelmente não terás pensado ainda no verbo formoso e grave a que todos somos chamados: criar para o progresso. 


O Criador, ao dotar-nos de razão, a nós, criaturas, conferiu-nos o poder de imaginar, promover, originar, produzir. 
Referimo-nos frequentemente à lei de causa e efeito. Sabemos que ela funciona em termos de exatidão. Utilizamo-la, quase sempre, tão-só para justificar sofrimentos, esquecendo-lhe a possibilidade de estabelecer alegrias. 
Causamos isso ou aquilo, geramos acontecimentos determinados. Experimentamos essa força que nos é peculiar, na formação de circunstâncias favoráveis aos homens.
 Antes do comboio a vapor, a eletricidade já existia. Os transportes arrastavam-se pela tração, mas foi preciso que alguém desejasse criar na Terra a locomotiva, que se converteu a pouco e pouco no trem elétrico, a fim de que a Civilização aprimorasse os sistemas de condução que prosseguem para mais altas expressões evolutivas. 
O firmamento era vasculhado pelos olhos humanos há milênios, mas foi necessário que um astrônomo inventasse lentes, para que os povos recolhessem as preciosas informações do Universo, que já havia antes deles.

O princípio é idêntico para a vida moral.

Precisamos hoje e em toda a parte dos criadores de harmonia doméstica e social, dos desenhistas de pensamentos certos, dos escultores de boas obras. 
O tempo nos ensinará a entender a necessidade básica de se criarem condições para o entendimento mútuo, como já se estabeleceram normas para o trânsito fácil do automóvel.

Inventa em tua existência soluções de conforto, suscita motivos de paz, traça diretrizes de melhoria, faze o que ainda não foi aproveitado na realização da riqueza íntima de todos.
Provavelmente estamos na atualidade em estágio obscuro de lições, sob a atuação imperiosa de ações passadas. Mas não nos será correto esquecer que somos Inteligências com raciocínio claro e que, se antigamente nos foi possível colocar em ação as causas que neste momento e neste local nos infelicitam, retemos conosco a sublime faculdade de idear, planejar e construir.

Ajamos na construtividade de Jesus, sejamos semeadores de esperança!

(Do livro "Estude e Viva", pelos Espíritos André Luiz e Emmanuel, Francisco C. Xavier e Waldo Vieira)


NOTA: O link abaixo contém a relação de livros publicados por Chico Xavier e suas respectivas editoras:
 http://www.institutoandreluiz.org/chicoxavier_rel_livros.html

04 novembro 2010

É preciso enxergar além


DESGOSTO
Qualquer contratempo aborrece.
No entanto, sem desgosto, a conquista de experiência é impraticável.

OBSTÁCULO
Todo empeço atrapalha.
Sem obstáculo, porém, nenhum de nós consegue efetuar a superação das próprias deficiências.

DECEPÇÃO
Qualquer desilusão incomoda.
Todavia, sem decepção, não chegamos a discernir o certo do errado.

ENFERMIDADE
Toda doença embaraça.
Sem a enfermidade, entretanto, é muito difícil consolidar a preservação consciente da própria saúde.

TENTAÇÃO
Qualquer desafio conturba.
Mas, sem tentação, nunca se mede a própria resistência.

PREJUÍZO
Todo o golpe fere.
Sem prejuízo, porém, é quase impossível construir segurança nas relações uns com os outros.

INGRATIDÃO
Qualquer insulto à confiança estraga a vida espiritual.
No entanto, sem o concurso da ingratidão que nos visite, não saberemos formular equações verdadeiras nas contas de nosso tesouro afetivo.
DESENCARNAÇÃO
Toda morte traz dor.
Sem a desencarnação, porém, não atingiríamos a renovação precisa, largando processos menos felizes de vivência ou livrando-nos da caducidade no terreno das formas.


Compreendamos, à face disso, que não podemos louvar as dificuldades que nos rodeiam, mas é imperioso reconhecer que, sem elas, eternizaríamos paixões, enganos, desequilíbrios e desacertos, motivo pelo qual será justo interpretá-las por chaves libertadoras, que funcionam em nosso espírito, a fim de que nosso espírito se mude para o que deve ser, mudando em si e fora de si tudo aquilo que lhe compete mudar.

(Do livro "Paz e Renovação", pelo Espírito André Luiz, Francisco C. Xavier)

NOTA: O link abaixo contém a relação de livros publicados por Chico Xavier e suas respectivas 
editoras:
http://www.institutoandreluiz.org/chicoxavier_rel_livros.html

05 outubro 2010

Ligações Familiares



Quanto possível, esforça-te – mas esforça-te de verdade – para viver em harmonia com os parentes que te pareçam menos afinados com os teus pontos de vista.

No Plano Físico, não nos achamos vinculados com alguém, nos laços da consangüinidade, sem justa razão de ser.

Aqueles que alimentam ódio e aversão, quando desejosos de melhoria, são induzidos por Benfeitores da Vida Sublimada, a se reencarnarem juntos, a fim de apagarem as labaredas de discórdia que lhes atormentam a vida íntima, através de provações atravessáveis em comum.

Se os propósitos desse ou daquele familiar te parecem claramente opostos aos ideais superiores que abraças, abençoa-o com os teus melhores pensamentos e não lhe barres os passos no caminho das experiências que se lhe fazem precisas.
Não desprezes teus pais ou teus filhos por serem desorientados ou doentes, porque talvez tenhas sido, em existências já transcorridas, a causa direta ou indireta dos desequilíbrios ou enfermidades que patenteiam.
Em muitas ocasiões, terás renascido em consangüinidade com parentes rudes e, às vezes, cruéis, unicamente por amor a eles, de modo a auxiliá-los na transformação necessária, com as tuas demonstrações de tolerância e paciência, devotamento e humildade.

Se depois de sacrifícios inumeráveis em favor de parentes determinados – e isso acontece freqüentemente entre pais e filhos – notas, no íntimo, que a tua consciência se reconhece plenamente quitada para com eles, sem que esses mesmos familiares, após longo tempo de convivência, demonstrem o mínimo sinal de renovação para o bem, deixa que sigam a estrada que melhor se lhes adapte ao modo de ser, porque as Leis da Vida não te obrigam a morrer, pouco a pouco, a pretexto de auxiliar aos que te recusam o amor.

Uma criança terna e inesquecível que retorna ao Mais Além, nos primeiros tempos da infância, quase sempre é um coração profundamente dedicado ao teu progresso espiritual que apenas regressou ao teu convívio doméstico, a fim de acordar-te, para as realidades da alma, através da saudade e da afeição.
Se não tens a devida força para carregar os compromissos que assumiste diante de uma pessoa, com que partilhaste as alegrias do sentimento, nunca abandones a criança ou as crianças que houverem nascido de semelhante união.

Educa ou reeduca os pequeninos, sob a tua responsabilidade, enquanto na infância tenra, facilmente amoldável aos teus princípios de natureza superior, mas diante dos familiares erguidos à condição de adultos, respeita-lhes a liberdade de caminhar no mundo, conforme as suas próprias escolhas, porque nem todos conseguem trilhar o mesmo caminha para a união com Deus.

(Do livro "Calma", pelo Espírito Emmanuel, Francisco C. Xavier)


30 setembro 2010

Selo do Amor


"Uma menina chinesa conduzia às costas um pequenino de alguns bons meses de idade. Ao vê-la passar, vergada ao peso daquela carga, um sacerdote lhe perguntou: - É pesado, menina? - Não, senhor - respondeu ela, muito viva - é meu irmão!..." *

Selo do Amor
Emmanuel


Pelo caminho da ascensão espiritual, denominado "cada dia", encontrarás variados recursos de aprimoramento, a cada passo.
É o trabalho que te espera a noção de responsabilidade no devotamento ao dever.
É a oportunidade de praticar o bem, incessantemente.
É o companheiro da parentela consanguínea que te não compreende ainda e, junto do qual, podes exercer o ministério do auxílio e do perdão.

É o adversário que te combate os propósito de melhoria com quem a luta te possibilita a hora de paciência e aprendizado.

É a tentação sedutora, que nasce das profundezas de teu próprio ser, em cujo clima é possível desenvolver a tua resistência para a aquisição de novo poder moral.
É o espinho que te fere ou a pedra que te maltrata, que se fazem benfeitores de tua jornada, por te descerrarem o santuário da prece e da humildade, se a tua mente vive acordada à luz do Senhor.
É a dificuldade que, muitas vezes, te surpreende nos lábios dos mais queridos, constrangendo-te à consolidação de virtudes imprecisas.

Segue adiante, amando, crendo, esperando e servindo sempre.
Cada obstáculo e cada amargura guardam raízes no processo educativo de nossa própria regeneração.
Cada ensinamento tem o seu lugar, a sua hora e a sua finalidade.

Aproveita semelhantes bênçãos, de conformidade com os padrões de Jesus que passou entre nós fazendo o bem, que nos ama desde o princípio e que permanecerá conosco, até o fim dos séculos.
Dirás, talvez, diante de nosso apelo: - "Não compreendo, não me lembro, não posso...
O Senhor, entretanto, não nos impõe fardos que não possamos suportar, não nos endereça problemas que não estejamos aptos a resolver e jamais esqueçamos que a reencarnação traz o selo do amor divino, em benemérito esquecimento, enriquecendo-nos de bênçãos de reaproximação, fraternidade e serviço, a fim de executarmos, sem percalços invencíveis, o trabalho de nossa própria redenção.

(Do livro "Instrumentos do Tempo", pelo Espírito Emmanuel, Francisco C. Xavier)

*(Fábula oriental, especialmente citada aqui para ilustrar a mensagem de hoje. Não faz parte da mensagem de Emmanuel. - Instituto André Luiz)

Aversões Renascentes

"Quando te vejas em ocorrências de rejeição espiritual, pensa nos conflitos que volvem das existências passadas e dispõe-te à rearmonização..."


Aversões Renascentes
Emmanuel


Problema difícil na experiência humana, que unicamente o amor consegue resolver: o antagonismo quando surge entre os que foram chamados a viver sob o mesmo teto ou na mesma equipe familiar.

Vemo-los comumente nos filhos que se voltam contra os pais ou nos que se rebelam; nos irmãos que combatem os próprios irmãos; nos cônjuges que inesperadamente se afirmam uns contra os outros; ou nos parentes que não suportam os companheiros de consangüinidade.

Quando te vejas em semelhantes ocorrências de rejeição espiritual, pensa nos conflitos que volvem das existências passadas à maneira de sombras do ontem que se projetam no hoje, e dispõe-te à rearmonização, a fim de extinguir os focos de vibrações desequilibradas, capazes de gerar perigosos processos enfermiços.

A convivência induzida pelas tarefas em comum ou pelas obrigações do parentesco é a escola de reajustamento em cujo currículo de lições solicitaste a própria internação, antes do berço terrestre.


(Do livro "Amanhecer", pelo Espírito Emmanuel, Francisco C. Xavier)

No Reino Doméstico

"Os hospitais, e principalmente os manicômios, apresentam significativo número de enfermos que não passam de mutilados espirituais dessa guerra terrível e incruenta, na trincheira mascarada sob o nome de lar..."


NO REINO DOMÉSTICO
Irmão X

Você, meu amigo, pergunta que papel desempenhará o Espiritismo, na ciência das relações sociais, e, muito simplesmente, responderei que, aliado ao Cristo, o nosso movimento renovador é a chave da paz, entre as criaturas.

Já terá refletido, porventura, na importância da compreensão generalizada, com respeito à justiça que nos rege a vida, e à fraternidade que nos cabe construir na Terra?

A sociologia não é a realização de gabinete. É obra viva que interessa o cerne do homem, de modo a plasmar-lhe o clima de progresso substancial.
Reporta-se você ao amargo problema dos casamentos infelizes, como se o matrimônio fosse o único enigma na peregrinação humana, mas se esquece de que a alma encarnada é surpreendida, a cada passo, por escuros labirintos na vida de associação.

Habitualmente, renascem juntos, sob os elos da consangüinidade, aqueles que ainda não acertaram as rodas do entendimento, no carro da evolução, a fim de trabalharem com o abençoado buril da dificuldade sobre as arestas que lhes impedem a harmonia. Jungidos à máquina das convenções respeitáveis, no instituto familiar, caminham, lado a lado, sob os aguilhões da responsabilidade e da traição, sorvendo o remédio amargoso da convivência compulsória para sanarem velhas feridas imanifestas.

E nesse vastíssimo roteiro de Espíritos em desajuste, não identificaremos tão somente os cônjuges infortunados. Além deles, há fenômenos sentimentais mais complexos. Existem pais que não toleram os filhos e mães que se voltam, impassíveis, contra os próprios descendentes. Há filhos que se revelam inimigos dos progenitores e irmãos que se exterminam dentro do magnetismo degenerado da antipatia congênita, dilacerando-se uns aos outros, com raios mortíferos e invisíveis do ódio e do ciúme, da inveja e do despeito, apaixonadamente cultivados no solo mental.

Os hospitais e principalmente os manicômios apresentam significativo número de enfermos, que não passam de mutilados espirituais dessa guerra terrível e incruenta na trincheira mascarada sob o nome de lar. Batizam-nos os médicos com rotulagens diversas, na esfera da diagnose complicada; entretanto, na profundeza das causas, reside a influência maligna da parentela consanguínea que, não raro, copia as atitudes da tribo selvagem e enfurecida. Todos os dias, semelhantes farrapos humanos atravessam os pórticos das casas de saúde ou da caridade, à maneira de restos indefiníveis de náufragos, perdidos em mar tormentoso, procurando a terra firme da costa, através da onda móvel. Não tenha dúvida.

O homicídio, nas mais variadas formas, é intensamente praticado sem armas visíveis, em todos os quadrantes do Planeta.
Em quase toda a parte, vemos pais e mães que expressam ternura, ante os filhos desventurados, e que se revoltam contra eles toda vez que se mostrem prósperos e felizes. Há irmãos que não suportam a superioridade daqueles que lhes partilham o nome e a experiência, e companheiros que apenas se alegram com a camaradagem nas horas de necessidade e infortúnio.
Ninguém pode negar a existência do amor no fundo das multiformes uniões a que nos referimos. Mas esse amor ainda se encontra, à maneira do ouro inculto, incrustado no cascalho duro e contundente do egoísmo e da ignorância que às vezes, matam sem a intenção de destruir e ferem sem perceber a inocência ou a grandeza de suas vítimas.
Por isso mesmo, o Espiritismo com Jesus, convidando-nos ao sacrifício e à bondade, ao conhecimento e ao perdão, aclarando a origem de nossos antagonismos e reportando-nos aos dramas por nós todos já vividos no pretérito, acenderá um facho de luz em cada coração, inclinando as almas rebeldes ou enfermiças à justa compreensão do programa sublime de melhoria individual, em favor da tranqüilidade coletiva e da ascensão de todos.

Desvelando os horizontes largos da vida, a Nova Revelação dilatará a esperança, o estímulo à virtude e a educação em todas as inteligências amadurecidas na boa vontade, que passarão a entender nas piores situações familiares pequenos cursos regenerativos, dando-se pressa em aceitá-los com serenidade e paciência, de vez que a dor e a morte são invariavelmente os oficiais da Divina Justiça, funcionando com absoluto equilíbrio, em todas as direções, unindo ou separando almas, com vistas à prosperidade do Infinito Bem. Assim, pois, meu caro, dispense-me da obrigação de maiores comentários, que se fariam tediosos em nossa época de esclarecimento rápido, através da condensação dos assuntos que dizem respeito ao soerguimento da Terra. Observe e medite.


E, quando perceber a imensa força iluminativa do Espiritismo Cristão, você identificará Jesus como sendo o Sociólogo Divino do Mundo, e verá no Evangelho o Código de Ouro e Luz, em cuja aplicação pura e simples reside a verdadeira redenção da Humanidade.



(Do livro "Luz no Lar", pelo Espírito Irmão X, Francisco C. Xavier, Espíritos Diversos)




17 setembro 2010

Espiritualidade na prática clínica: o que o clínico deve saber?

 Espiritualidade na prática clínica: o que o clínico deve saber?*
Spirituality in clinical practice: what should the general practitioner know?
Giancarlo Lucchetti1, Alessandra Lamas Granero2, Rodrigo Modena Bassi3, Rafael Latorraca4, Salete Aparecida da Ponte Nacif5
*Recebido da Associação Médico-Espírita de São Paulo, SP.

INTRODUÇÃO
No dia 17 de outubro de 2009, véspera do dia do médi­co (escolhido por ser o dia de São Lucas, conhecido como ”médico de homens e de almas”), ocorreu no X Congresso Brasileiro de Clínica Médica a mesa redonda: “Espirituali­dade na Prática Clínica”.
A iniciativa inédita da Sociedade Brasileira de Clínica Mé­dica foi agraciada com a lotação do auditório no evento e alertou para a necessidade da abordagem deste tema nos congressos médicos e na prática clínica.
O objetivo deste estudo foi traçar um panorama do uso da espiritualidade na prática clínica e quais os conheci­mentos básicos necessários para o clínico abordá-la na sua prática diária.

Por que o clínico deve abordar a espiritualidade do pa­ciente?
Uma das perguntas mais realizadas pelos médicos em geral é qual a razão para abordar a espiritualidade do paciente. Inicialmente vale lembrar que muitos pacientes são reli­giosos e suas crenças os ajudam a lidar com muitos aspec­tos da vida. Além disso, as crenças pessoais dos médicos influenciam nas suas decisões, tanto por parte do paciente (tendo como exemplo o paciente que é Testemunha de Jeová que não aceita o uso de hemoderivados), como por parte dos próprios médicos (tendo como exemplo, médi­cos que se recusam a prescrever anticoncepcionais devido aos seus princípios religiosos). Mais do que isso, ativida­des e crenças religiosas estão relacionadas à melhor saúde e qualidade de vida, assim como os médicos que falam sobre as necessidades espirituais não são novidades, tendo suas raízes na história e muitos pacientes gostariam que seus médicos comentassem sobre suas necessidades espiri­tuais. Estudos demonstram que a maioria dos pacientes gostaria que seus médicos abordassem sobre sua religião e espiritualidade, e relataram que sentiriam mais empa­tia e confiança no médico que questionasse esses temas, proporcionando o resgate da relação médico-paciente, com uma visão holística e mais humanizada.

PESQUISAS E BASES CIENTÍFICAS
As pesquisas científicas sobre o assunto são numerosas. No banco de dados da PubMed, foram relacionados 4.202 estudos à palavra “spirituality” e para a palavra “religion” 41.314. Esse número de estudos foi equivalente ao nú­mero relacionado à palavra “physical activity” na mesma data.
Os estudos têm demonstrado maior relação entre espiritualidade e religiosidade com a saúde mental, incluindo me­nor prevalência de depressão, menor tempo de remissão da depressão após o tratamento, menor prevalência de ansiedades e menor taxa de suicídio. Da mesma forma, estudos demonstram uma relação da espiritualidade com melhor qualidade de vida e maior bem estar geral.
Alguns desfechos clínicos também têm sido avaliados de forma consistente. Os pacientes mais religiosos tiveram menores níveis de hipertensão diastólica, índices meno­res de mortalidade por causas cardiovasculares e menor mortalidade em geral.

Autores têm relacionado ainda a espiritualidade com mar­cadores de imunidade, como interleucinas e marcadores de inflamação como proteína C-reativa. Recentemente,
Lutgendorf e Col. mostraram que a frequência religiosa levaria à diminuição na IL-6 e esta levaria à diminuição da mortalidade. Este estudo seria a primeira pesquisa a demonstrar uma participação de um fator imunológico mediando um fator comportamental com a mortalidade. Seguiram-se então, estudos voltados às populações especí­ficas como no caso de mulheres com câncer de mama, em que a maior espiritualidade esteve diretamente relaciona­da ao número total de linfócitos, de células Natural Killer Torna-se claro na prática clínica que, na grande maioria das vezes, não é possível (NK) e de linfócitos T-helper e T-citotóxicos
.
Quanto às pesquisas com marcadores inflamatórios, há evidências de menores níveis de proteína C-reativa e menores níveis de cortisol nos pacientes que possuem maior frequência religiosa.
Periódicos de alto impacto na literatura médica têm vin­culado publicações científicas na área como é o caso do The Journal of the American Medical Association (JAMA), New England Journal of Medicine e Annals of Internal Medicine, dentre outros.
O clínico deve ter conhecimento das evidências que su­portam este campo, de forma a entender suas repercussões na saúde do paciente.

Barreiras para o médico
Algumas barreiras são colocadas pelos médicos para não abordarem o tema35. Pode-se citar a falta de conheci­mento sobre o assunto, falta de treinamento, falta de tempo, desconforto com o tema, medo de impor pon­tos de vista religiosos ao paciente, pensamento de que o conhecimento da religião não é relevante ao tratamento médico e a opinião de que isso não faz parte do papel do médico. Essas barreiras são quebradas à medida que o médico se aprofunda no tema e desvencilha-se de seus próprios medos e preconceitos.

Nem todos os efeitos da religião são positivos. É importan­te que os médicos estejam atentos quando a religião pode desencadear problemas (principalmente no caso da reli­gião punitiva em que há uma sensação de que Deus está pu­nindo ou abandonando o paciente) e causar conflitos quan­to às condutas médicas. No caso de dificuldades para lidar com relações conflitantes a figura da capelania do hospital ou do líder religioso do paciente é essencial, conjuntamente com o Serviço de Psicologia Hospitalar.

CONCLUSÃO
O clínico deve estar atento à dimensão espiritual do pa­ciente, seja ela positiva ou negativa. O conhecimento cien­tífico e prático do assunto pode evitar conflitos na relação médico-paciente, beneficiar os desfechos clínicos e facilitar o atendimento médico.
O clínico deve saber o momento certo e a forma correta de se abordar essa dimensão, sem ofender ou julgar as pre­ferências religiosas de cada paciente, de forma a exercer a Medicina de forma mais humana e integral possível.

NOTA: Que bom que a fechada e endeusada medicina esteja enxergando uma luz no fim do túnel da ignorância espiritual.