O mundo passa por rápidas e constantes mudanças que faz sentir-se em grande parte das áreas do conhecimento humano. Não é novidade de que a ciência médica, apesar do imenso avanço tecnológico, não
tem obtido todas as respostas e esclarecimentos para o processo de adoecimento e suas singularidades
no complexo contexto biopsicosocial e espiritual do ser humano. Assim, contrapondo-se a esta realidade, têm surgido eminentes pesquisadores em grandes centros universitários de vários países que, destituídos
de qualquer preconceito e movidos pelo verdadeiro espírito científico, reconhecem a espiritualidade como
algo inerente ao ser humano e que pode determinar de maneira inequívoca o desfecho de várias formas de
adoecimento, como tem demonstrado diversos trabalhos científicos já publicados.
O Dr Harold Koenig, médico e pesquisador da Universidade de Duke nos EUA, foi um desses pioneiros,
demonstrando que os pacientes que acreditam em Deus, ou que tenham desenvolvido sua espiritualidade
(entendida aqui como a busca pessoal pelo sentido ou propósito de vida), em geral, têm melhor resposta
imunológica, menor tempo de internação e maior rede de apoio social diante do adoecimento. Sabe-se que
cerca de 2/3 das faculdades de Medicina americanas já possuem a disciplina saúde e espiritualidade dentro da grade curricular. Isso é bastante interessante porque, de certa forma, é o retorno da ligação entre “ciência e religião” que em um contexto histórico e, talvez necessário, foram distanciando-se e, com isso, dificultando o entendimento da integralidade do ser humano o qual vai muito além da matéria tangível.
As pesquisas na área da psiconeuroimunologia, que tem a Dra. Candace Pert (Johns Hopkins University
School of Medicine) como importante pesquisadora, demonstram a profunda interação entre as nossas
emoções e as respostas neuroquímicas do nosso organismo. Ainda corroborando com essa descoberta, pode-se citar o Dr. Amit Goswami (professor de física quântica da Universidade de Oregon-EUA)
que nos traz o conceito da causalidade descendente, ou seja, a consciência do indivíduo com suas escolhas
influenciando, em última instância, as respostas biológicas do organismo. Observa-se também o crescente
número de publicações médicas em revistas conceituadas (The Lancet, New England Journal of Medicine,
British Medical Journal, JAMA etc) que abordam temas como o valor da prece na terapêutica. Esses são alguns exemplos que trazem, dentro dos avanços extraordinários e não menos importante da ciência, uma ampliação da visão do ser humano.
Para finalizar, citamos o Dr Hebert Benson, que nos anos 70 iniciou seus estudos sobre mentalização ou
técnica de meditação na Harvard Medical School, e que, em seu livro Medicina Espiritual (publicado em
1996), afirma: “....em meus 30 anos de prática da medicina, nenhuma força curativa é mais impressionante
ou mais universalmente acessível do que o poder do indivíduo de cuidar de si e de se curar”. E acentua: “os
anelos da alma -a fé, a esperança e o amor- são eternos, inclinações naturais que o pensamento ocidental
moderno reprimiu, mas jamais subjugou”. Assim, perguntarmos: por que não retormarmos o caminho de
ligação, sob nova ótica, entre saúde e espiritualidade e, dessa forma, entender melhor o ser que adoece?
Artigo Fabíola de Fátima Zanetti de Lima
Vice-Presidente da AME-DF
• Benson, Hebert. Medicina Espiritual- o poder essencial da cura. Ed.Campus, 1998
• Nobre, Marlene. A Alma da Matéria- São Paulo: FE editora jornalística, 2005
• Goswami, Amit. O Médico Quântico- orientações de um físico para a saúde e a cura. 6ªed. Cultrix
• www.ncbi.nlm.nih.gov – NIH
• Pert, B. Candace- Molecules Of Emotion: The Science Between. Mind-Body Medicine. 1 edition- Simon & Schuster, 1999
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